terça-feira, 11 de novembro de 2025

ASSIM TENHO SIDO - Parte 15

E assim termina mais um ciclo e se abre outro.

Chegado aos meus 57 anos de vida, continuo a fazer questão de me dar a conhecer ao mundo, pois com o avançar da idade cimento, cada vez mais, a ideia que tenho de que se não for eu a fazê-lo, outras pessoas tentarão fazê-lo por mim e de múltiplas formas, nenhuma delas credível, não fossemos nós humanos, o principal alvo da curiosidade de outros humanos.

O ciclo que ora se encerra, também, à semelhança de muitos outros, teve momentos menos bons, por nele terem decorrido acontecimentos que me ultrapassam e os quais não estão ao meu alcance evitar, nomeadamente a perda da vida de quem me era próximo, assim como, igualmente, continua a não me ser possível acabar com a maldade que impera no mundo.

Mas, graças a Deus, tudo se superou com muita elegância e sabedoria, colocando cada peça no seu devido lugar e os sucessos acabaram por brotar, nomeadamente o pleno nos estudos dos meus filhos nos seus respetivos patamares, assim como a evolução da sua maturidade de fazer inveja a muitas pessoas com bastante mais idade e que, infelizmente, teimam em manterem-se como meras crianças mimadas.

Como entro num novo ciclo repleto de coisas boas, já podendo provar da sementeira à qual me dediquei durante longos anos, desta feita, gostaria de convosco partilhar acima de tudo esperança, mas, não total, apenas focada nesse meu mundo que fiz questão de criar e onde habito com muito gosto, lamentando, portanto, não poder ser uma esperança extensível a um mundo alargado, pois as evidências estão aí, por via das desgraças que ocorrem nos seus diferentes cantos.

Gostaria, mesmo assim, do meu mundo para fora, continuar a poder levar um pouco de mim, fazendo jus ao único propósito que me deu vida, ou seja, dar amor a quem o quiser receber, de preferência renovando o meu investimento afetivo nas crianças carenciadas, assim mo permitam, porque, infelizmente, o seu número, ao contrário do que seria suposto na tão apregoada evolução da humanidade, tem aumentado exponencialmente, perigando ainda mais a sobrevivência da própria espécie.

Podemos, pois, ainda na minha geração assistir ao fim deste mundo, pelo menos conforme o conhecemos, mas não quererei levar comigo quaisquer remorsos, ou arrependimento de não ter feito absolutamente nada para o tentar evitar, quando existe tanto ao alcance de qualquer um/a de nós para o fazer. O problema é que continuamos a ser muito poucos e poucas nessa nobre missão – repito, a única que nos trouxe a este planeta – lutando contra uma massa humana muito maior que, em sentido contrário, tudo faz para o fim da nossa existência.

Pretendo agarrar-me firmemente a este meu canto que tanto me custou a construir, contra tantas criaturas perversas que o tentaram destruir. Agora um ponto de partida para todo esse mais que ainda possa fazer por essa causa maior que é assegurar a vida na Terra.

Doravante, já não me acompanharão pensamentos que me transportam para a realização de ideais de vida que dependam de outras pessoas, porque a falsidade está latente e criar expetativas no sentido de poder contar com outrem, é coisa do passado, superado e cimentado como lição de vida em virtude das consideráveis deceções a que fui obrigado a assistir.

Não quero com isto dizer que perante mim todo e qualquer semelhante se tornou um ser não confiável, bem pelo contrário, continuo a viver muito bem com o meu lema que me diz que até prova em contrário todas as pessoas são merecedoras de confiança. Porém, desta feita, com uma nuance considerável, determinante e terminante, que essa prova tem de ser dada no primeiro segundo e não se tornar, como era dantes, numa eterna espera infundada. Por isso, nos últimos tempos, algumas pessoas já devem ter acusado esta minha nova forma de encarar as relações humanas e mesmo que não tenham percebido porque logo cedo perdi o meu interesse por elas, é porque, efetivamente, a minha sensibilidade tornou-se muito mais apurada que, ao mínimo sinal, algo me diz que determinada pessoa não é para entrar na minha vida, ou não é para nela permanecer. Não me tornei exigente demais, simplesmente comecei a ouvir a minha fé.

Agora, com outra clarividência, consigo olhar para trás e ver bem melhor o que realmente correu menos bem e que, talvez, a experiência de vida entretanto adquirida, provavelmente me teria poupado de passar por isso. Mas o que é a vida, senão isto mesmo, crescer com as más experiências, aprendendo com elas a separar o trigo do joio…

Independentemente de tudo isto, constato agora que o próprio curso natural da vida, acabou por colocar cada peça no seu devido lugar e é tudo tão simples quanto isto. Fazer a nossa parte, sempre! Mas nunca tentar forçar ninguém a ser boa pessoa, simplesmente afastarmo-nos quando do outro lado a intenção não é essa.

Por isso, chego a este momento da minha própria evolução como ser-humano e observo em meu redor um considerável número de boas almas e é com apenas essas que faço questão de continuar a usufruir da nossa maior riqueza, a vida.



Pedro Ferreira © 2025
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