quinta-feira, 27 de julho de 2023

CARTA LARGADA AO VENTO

Olho para trás e não encontro um só rosto, um só momento, uma carta que tenha sido largada ao vento!

São tantos os encontros e desencontros que o tempo não guardou e a terra consumiu que já nem sequer vale a pena esse olhar, pois o deserto nem sempre existe no solo, pode também existir no ar, por aí, em espaço invisível.

Gostaria de colocar um pé adiante com outro bem firme mais atrás, mas não tenho como, nada parece ter existido enquanto tudo parece ter acontecido.

Gostaria de ser espetador deste teatro cujo guião não consigo interpretar, para no futuro não me sobejarem somente contos soltos no lugar de uma grande história, aquela que gostaria de poder levar ao palco, mas falta com quem contracenar.

São cortinas que se abrem e fecham a cada conto, são personagens que sobem e descem sem terem lido a carta que larguei ao vento.



Pedro Ferreira © 2018
(Todos os Direitos Reservados)

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