quinta-feira, 25 de maio de 2023

CAPACIDADE DE AMAR

Faz onze anos que escrevi esta convicção:

“Na escala de valores do Amor, quem agora crê já ter atingido o topo, mais adiante descobre que ainda nem a meio chegou.”

E que agora reforço, com recurso a outra semântica:

Este tema, o mais badalado, o amor, que se expressa de tantas formas e se escreve de outras tantas, mas que a mim me parece, na atualidade, resumir-se ao fato de, simplesmente, ser o sentimento mais desejado e o menos praticado;

Digo-o, porque o abraçar a vida trouxe-me grandes descobertas ao longo dos anos, nomeadamente nos últimos três, mostrando-me que existem demasiadas pessoas a dizerem que são muito amadas quando nem sequer se deram conta que de amor não se trata e outras tantas a dizerem que muito amam quando nem sequer têm a capacidade de amar.

Experiência de vida e muita proximidade com a diversidade de comportamentos humanos, permite-me, sem qualquer base científica, claro está, acreditar que poderemos subdividir este tema da seguinte forma:

- a total incapacidade de amar, inerente aos transtornos de personalidade, infelizmente em forte crescendo, inclusive uma característica cada vez mais apelativa para cargos de liderança (CEO – “Capacidade Emocional Omissa”);

- a residual capacidade de amar, fruto de mentes condicionadas por múltiplos receios e traumas, que as bloqueia emocionalmente, condicionando qualquer iniciativa no sentido da entrega por amor e, ao mesmo tempo, causando resistência à receção e interpretação de atos de amor;

- a ligeira capacidade de amar, fruto da acelerada vida quotidiana, onde não existe tempo nem espaço para amar, o que não anula totalmente a capacidade de o fazerem, empurrando esta enorme massa humana para um modo de vida parco em afetos priorizando a competitividade por via duma atitude estritamente racional perante a vida;

- a dificuldade de desenvolver essa capacidade, porque por mais que se queira amar, à falta de recetores a vida de quem decidiu amar torna-se um desafio constante, tantas vezes, agonizante e de consequências, por vezes, traumáticas, numa espécie de sufoco sentimental;

- e a total capacidade para amar, fazendo jus àquilo que acredito ser o nosso único propósito de vida, aquela que não pondera sequer todas as outras limitadas capacidades e incapacidades, simplesmente ama sem olhar a quem, pois são mentes – raríssimas, é certo – que já conseguiram atingir um patamar emocional suficientemente elevado para entenderem o amor como um sentimento que se tem e se dá, sendo que se todas as pessoas derem, todas as pessoas recebem. Simples!



Pedro Ferreira © 2023
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