quarta-feira, 22 de junho de 2022

Invisuais da Nova Era

Quem já ouviu dizer que aquilo a que assistimos no mundo nos tempos que correm não é nada de novo? Certamente quase todas as pessoas já ouviram dizê-lo, acrescentado do avivar de memória para o facto de que fome, guerra, peste e outros males, sempre existiram.

Porém, quem desta forma tenta minimizar a gravidade do que atualmente acontece, esquece-se que a evolução científica não tem sido aplicada somente ao serviço do bem, mas também do mal. Por tal, naturalmente, quanto mais avançada estiver a ciência mais eficaz na prática do bem e na prática do mal se torna, sendo certo ainda, que o poder de um ato que outrora causava um efeito limitado, foi-se alargando a abrangência ao ritmo da evolução e atualmente apenas um ato praticado por um só agente poderá afetar o mundo todo.

Parece que essas mesmas pessoas paladinas do interminável viajaram no tempo e muito lá atrás, quiçá na pré-história, viram uma pedra a ser arremessada contra uma determinada população causando uma explosão tal que resultou em milhões de mortes, mas que mesmo assim a humanidade conseguiu regenerar-se. Como, também, parece que viram um nómada numa esplanada ao final da tarde, sentado numa cadeira de plástico a beber um refrigerante e a saborear um hambúrguer, cujos respetivos desperdícios foram, no final do consumo, jogados ao mar, asfixiando espécies e contaminando outras, mas que mesmo assim a humanidade conseguiu regenerar-se e assim sucessivamente ao longo de toda a história universal.

Terão visto tantos fenómenos não naturais nessa viagem ao passado não impeditivos para a sobrevivência humana que regressam a esta nova era e já não precisam de ver mais nada, tornando-se numa espécie de invisuais perante a causa efeito das “pedras” que hoje em dia são arremessadas, ou dos plásticos jogados ao mar. Continuam a acreditar que haverá sempre uma possibilidade de sobrevivência.

Mas não! Lamentavelmente as dimensões de agora são outras e o poder outro, também! Para poluir um rio, um mar ou algo semelhante, perigando a vida de milhões de seres-vivos e do próprio ser-humano, um simples toque digital de uma só pessoa basta. Por outro lado, para o despoluir, talvez um milhão de pessoas não seja suficiente.

É certo que, também, sempre existiu quem alertasse para a dura realidade que nos esperava, a do não retorno, mas essas pessoas foram sempre em muito menor número, tantas e tantas vezes as que eram consideradas loucas ou tontas, alvo da chacota das demais. Porém, aí estamos nós, humanos, vergados à realidade das coisas e essa é dura demais, difícil para quem vê, sendo, efetivamente, mais fácil não querer ver, fingir que tudo é como sempre foi.

Antes assim fosse! E aqui recomeça a chacota…


Pedro Ferreira © 2022
(Todos os Direitos Reservados)

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