Permitir-se amar, é renascer, começar de qualquer ponto e a
qualquer momento, como se nada para trás tivesse acontecido, nem dor, nem mágoa
ficar, tudo de bom daí em diante se imaginar, apostar na felicidade e convidar
a infelicidade a ser feliz;
Permitir-se amar é mudar em prol de uma causa maior, sem
receio de perder ou de sofrer, e que a causa seja o objeto desse amor, a pessoa
a quem amamos, pois, motivo maior para sermos melhores não existirá para além
da perfeita sintonia entre duas pessoas que se amam;
Permitir-se amar é retalhar distâncias, converter
quilómetros em metros e metros em centímetros e lançar ao ar todos os pedaços
desse longo caminho como confettis em dia festivo;
Permitir-se amar é soprar o tempo no sentido dos ponteiros
do relógio para mais depressa chegar perto de quem se ama, e soprar em sentido
contrário para que se demore a saborear a presença de quem se ama;
Permitir-se amar é pegar em si, nos seus, no seu e ofertar
em benefício desse amor, criar ambiente saudável onde todos possam respirar,
reorganizando tudo numa planície a perder de vista, onde predominem as cores e
as flores, sob a luz do céu e sobre a solidez da terra;
Permitir-se amar é deixar errar a quem se ama e mil vezes
perdoar, entender que o errado é não errar, e mais errado é não evitar errar;
Permitir-se amar é sorrir à dor, é agitar-se no cansaço, é
nadar livremente nas lágrimas, é preencher a solidão, é a arte de converter o
mau em bom, e o bom em excelente;
Permitir-se amar é aprender a não desistir e a desistir,
saber ficar e saber deixar partir;
Permitir-se amar é o discernimento do que faz sentido, sem
interrogações, ver com clareza a materialização desse sentir para se poder
afirmar, eu amo!!!
Permitir-se amar é um hino à humildade, e esta agradece, não
viver para muito ter, mas sim para muito amar;
Permitir-se amar é tudo dar a quem se ama, ficar em si
apenas o sentir, esse direito de quem aprendeu a amar, e quem aprendeu,
aprendeu uma só lição, a lição de tudo dar e com nada ficar…, apenas sentir,
sentir o prazer de dar, permitir-se amar!
Pedro Ferreira 2018
(Todos os Direitos Reservados, Registo de Obra n.º
2629/2017)
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