quinta-feira, 5 de setembro de 2024

ASSIM TENHO SIDO - Parte 14

Homem pai é um alvo a abater – este é o lema que dá o mote ao ciclo de vida que ora encerro.

Separei-me, de forma pacífica, da mãe da minha filha e do meu filho, vai para mais de uma década e, igualmente de forma pacífica, os rebentos ficaram ao meu cuidado, num processo de continuidade, na medida em que fui sempre eu à cabeça da resolução e das suas necessidades mais elementares… e até aqui tudo bem!

Porém, como devem imaginar, uma vida de pai a tempo inteiro, de menina e de menino, com diferença de cinco anos entre eles, não é tarefa nada fácil por si só, ademais numa fase da humanidade dominada por pessoas de carácter muito duvidoso.

Desde então, ponderei a hipótese de ter uma companheira, naturalmente ficando recetivo a isso, a coisa mais normal num homem na minha situação, sempre focado num ideal de família em amor e entreajuda, não olhando a quem, mas sim às intenções e sentimentos. Ao abrigo desta disponibilidade, foram-se aproximando de mim, algumas “senhoras”, aparentemente imbuídas do mesmo espírito, a quem dei a devida atenção para aferir se se confirmavam as suas apregoadas boas intenções.

Salvo raríssimas exceções, existe um denominador comum entre todas elas, ou seja, vinham autorrotuladas de “grandes mulheres e de grandes mães”, vítimas de um passado afetivo desastroso, em que o “bandido” do ex-marido as maltratou ou desprezou os filhos, tornando-as “corajosas guerreiras”, que “sozinhas e a pulso” criaram os filhos sozinhas. Tretas!!!

Na verdade (aquela que, mais momento, menos momento, vem sempre ao cimo), se eu tivesse a ajuda dos papás, da choruda pensão de alimentos do progenitor das crianças e recebido uma boa herança, também hoje seria um “corajoso guerreiro”, mas, como nada disso me calhou em sorte, quedei-me, simplesmente, pelo título de Pai, sem vanglória, de forma muito honrada e honesta, portanto.

Não obstante, tornei-me, com o decorrer destes longos anos de dedicada paternidade um alvo muito apetecível para essas “senhoras”, porque as carências delas vão-lhes causando alguma agitação e não lhes convêm, para se satisfazerem, apresentarem-se socialmente e perante a família ao lado de um qualquer, mas sim de um Homem bem parecido, de preferência o contrário do ex, ou seja, um leal companheiro e um bom pai.

Daqui ao uso, abuso e, por último, deita fora, vai um passo muito curto. Porém, mesmo sendo “muito bonzinho", não me tomo por tonto e estive sempre atento às movimentações que confirmassem as palavras revestidas de tão boas intenções e, logo logo, fui constatando exatamente o contrário.

Vindo dessas “senhoras”, houve de tudo um pouco, nomeadamente das que têm a vida mais folgada, ou seja, dinheiro, títulos académicos, categorias profissionais elevadas e afins, a saber: ameaças de me denunciarem como pai incompetente, em jeito de vingança por terem ouvido um “não”; ameaças com processos judiciais, por crimes que não conseguiam indicar quais, apenas porque ouviram umas verdades; tentativas de me comprarem e aos meus filhos com ofertas e donativos monetários, quando se aperceberam que aqui não poderiam “deitar as garras” (entenda-se, unhas de gel); processo judicial na tentativa de reaver prendas materiais que me deram e aos meus filhos, só porque não permite que nos comprassem; uso e abuso da minha boa-vontade em ajudar, para de seguida fingirem que nem sequer me conhecem; usufruto pleno dos meus bens e consequente ingratidão virando costas; abandono em momentos difíceis e logo após extrema dedicação de minha parte; vocábulos ordinários após ouvirem um “basta”; e, de entre tantas outras coisas mais, a mais ignóbil de todas, o uso do nome de Deus em vão para me enganar, tirando partido da minha fé.

Existiu, efetivamente, de tudo um pouco daquilo que existe de mais perverso e promiscuo na mente humana e chego a esta fase da vida, convencido que já pouco, ou mesmo nada me resta ver daqui em diante, porque já foi aberrante demais aquilo que me passou pela frente, todas chegando dizendo horrores daquilo que as outras fizeram e saindo fazendo bem pior, com o único propósito, comum a todas, o de usarem e abusarem a seu bel prazer para depois deitarem fora, sem apelo, nem agravo.

Dizem que são lições de vida e que com elas se aprende sempre qualquer coisa. Discordo e digo-o com elevada experiência no assunto, bem pelo contrário, existem relações interpessoais que nada de novo trazem, nem pela negativa, é um padrão demasiadamente conhecido de mero oportunismo, que rola ao longo de gerações.

Claro está que, por ser um curioso nas questões da mente, não é por se tratarem de situações que vivi na primeira pessoa, que deixei de me interessar por estes fenómenos e seus profundos meandros, vindo a descobrir aspetos da mente muito interessantes e inquietantes ao mesmo tempo e que me preparam sobremaneira para novos embates, portanto, a existir alguma aprendizagem, apenas a mim o devo e não a quem passou. Hoje, domino minimamente muitos desses fenómenos que ocorrem em tantas cabeças que por essas veredas do mundo deambulam, desde o Transtorno de Personalidade Borderline, até ao Comportamento Passivo-agressivo, passando pelo Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade, como ainda, a Psicopatia, o Narcisismo a rodes e seus congéneres, características, cada qual de persi, justificando as atitudes aberrantes ora aqui descritas.

Entretanto, contra todos estes atentados a um Pai dedicado, já consegui ver a minha filha formada em Psicologia (só poderia), o meu filho com o 12º ano feito com apenas 17 anos de idade e a caminho, quiçá, da Psicologia, também (só poderia), mantendo um trabalho de risco, o nosso único sustento, em crescendo e cada vez mais consolidado, assim como paz familiar e, acima de tudo, de consciência tranquila, principalmente perante Deus e nada mais peço para mim, nem gratidão, nem reconhecimento, nem sequer respeito, porque até nisso aprendi a bastar-me sem o esperar de ninguém.

Abre-se assim novo ciclo de vida, que antevejo muito focado na família e em todas as suas mais prementes necessidades, porque os filhos partem e os pais adoecem pela idade, esperando conseguir marcar presença em ambos os cenários da melhor forma que posso e sei e assim mo permitam, sempre ao sabor da vontade divina, porque dos humanos é um risco que não quero voltar a correr.




Pedro Ferreira © 2024
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