sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O MUNDO NAS MÃOS DE PUTIN

O dia 27 de outubro de 2022 fica associado ao tão aguardado discurso de Putin à nação Russa e, consequentemente, ao Mundo. 

Contra todas as expectativas que anteviam tomadas de posição bombásticas, assistimos a mais do mesmo, a um desfile da sua vaidade e autoconvencimento de que é uma referência para o mundo no que concerne aos mais elevados valores humanos, confiante que a restante população mundial, é manipulável e idiota.

De tal forma usa e abusa deste tipo de discurso que já se torna uma espécie de cassete muito ao jeito da sua saudosa ex-União Soviética, sempre antecedido de um considerável atraso em relação à hora agendada para a sua subida ao palco da encenação, geralmente para mais de uma hora, comportamento que, por si só, já dispensaria qualquer palavra, indicador do tipo de personalidade em questão e das atitudes que poderá espoletar.

Contudo, já que teima em mostrar-se ao mundo, vamos ouvir, novamente, a cassete reveladora do que realmente pretende, ou seja, tentar passar a imagem de vítima:

- Enquanto diz que o seu regime não se intromete na vida dos outros países, vai ocupando e destruindo estados soberanos, como, por exemplo, a Ucrânia e a Síria;

- Enquanto diz que na Rússia existe liberdade e respeito pelas opções de cada um, decreta, no dia anterior, leis homofóbicas;

- Enquanto diz que a democracia na Rússia é um exemplo em contraponto à democracia ocidental, os seus opositores são envenenados;

- Enquanto diz que na Rússia existe espaço para todas as convicções religiosas, persegue os crentes de algumas religiões;

- Enquanto diz que na Rússia a liberdade de pensamento está garantida, manda prender quem pensa diferente dele;

- Enquanto diz não ter propósitos expansionistas, ocupa à força territórios de outras nações, inclusive promovendo referendos fraudulentos de integração na Rússia.

- Enquanto diz respeitar as diferentes visões políticas, quem se torna incómodo para o regime cai da janela, numa sequência que já daria uma saga;

Caberiam aqui inúmeros outros exemplos daquilo que se diz, contrário àquilo que se faz. Muito ao jeito do que se apregoava no auge do fascismo soviético, porque, se pensarmos um pouco nisto, entre ambos os regimes, o mais difícil é encontrar as diferenças, porque as práticas em tudo são iguais.

São ditaduras, que esperar! E como qualquer ditador, também Putin, pensa que é um ser iluminado, quiçá enviado pelo divino, ou o próprio deus, para ao toque da espada matar os infiéis e salvar o mundo do mal. Um mal que diz vir do Ocidente sobre o Oriente, sobre o lado do planeta onde tem o seu reino, a terra que diz ser dos mais antigos habitantes da Terra, quiçá a mãe de todas as nações que agora tenta resgatar os seus filhos das mãos que os levaram ao engano durante séculos. Alucinante!

Entre a ideia de raça humana perfeita ou a ideia de legítimos herdeiros da Terra, para o efeito, parecem ser a mesma coisa, porém, para quem ainda não atingiu este estado de alucinação, sabe o significado destes conceitos, sendo que a história da humanidade já nos provou até onde nos poderão levar, a todas as pessoas sem exceção. No entanto, mesmo conscientes disso, facilitam desejando que a história não se repita, exatamente a mesma atitude de outrora em qualquer pré-guerra, poucas pessoas a dão como inevitável e essas poucas são sempre poucas para a evitarem.



Pedro Ferreira © 2022
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