Multidões se levantam apregoando os direitos humanos, a igualdade e a justiça, de entre outros valores a que todos deveríamos ter direito. Contudo, nas relações interpessoais, uma grande parte das pessoas não admite que o seu interlocutor tenha esse direito, contradizem-se em toda a linha. Quiçá, apanágio do mundo conforme hoje em dia se revela, povoado de pessoas profundamente egoístas, em que cada indivíduo chama a si o exclusivo usufruto de tais direitos, apenas porque pensam correto, mesmo que ajam errado.
Quem não se revê em sistemas políticos ou, tão-somente, em qualquer ideologia partidária, torna-se alvo de um autêntico massacre por parte de quem se revê nos sistemas instituídos, com vista à imposição da sua visão política e ideológica, como se fosse, de entre tantas, a perfeita e inquestionável, muitas vezes com recurso à ofensa fácil, caso os seus intentos não sejam acolhidos. Afinal de contas, seja qual for a opção partidária, os ditadores farão sempre parte do cenário;
Com a religião, desde tempos ancestrais associada à política, passa-se o mesmo, se alguém não professar nenhuma religião ou crença, mesmo que tenha a sua fé, a diferença será sempre alvo de ataque. Autênticas lavagens ao cérebro continuam a ser feitas por parte das pessoas fundamentalistas. Deuses, também os há em todas as religiões, os tais que querem saber mais que o verdadeiro Deus e decidir contrariamente à Sua vontade. Mas este é um fenómeno que não se crê algum dia venha a extinguir-se, bem pelo contrário, acicatam-se, cada vez mais, os ânimos na sequência dessa clivagem, entre a humildade do desconhecedor e a arrogância do inquisidor. Aliás, basta estar-se minimamente atento e constata-se facilmente que qualquer fenómeno social tem na sua base subjacente pressupostos religiosos;
Se Mulher ou Homem que exerce o seu respetivo papel o melhor que pode e sabe, dignificando o correspondente género que representa, sujeita-se às mais dispares tentativas de humilhação e até escárnio e maldizer, somente por tão simplesmente ser. Isto, claro está, porque quem ataca, se reveste de complexidades sem fim, tendendo para excessos, num constante desvirtuar da natureza das coisas, inclusive, tentando impor o impossível, a existência de múltiplos géneros. O caos para pessoas complexas, é o objetivo primeiro, por tal odeiam quem não as acompanha, ou seja, quem vai em sentido contrário e prefere a pacatez da existência, o humano no mais elementar das suas necessidades físicas e mentais, que não se mete por caminhos estreitos e intermináveis, cheios de incertezas e guerrilhas. Tentar viver em paz e harmonia, nos tempos que correm, parece que se tornou uma espécie de afronta a uma maioria que prefere viver em permanente conflito e desestabilização como forma de afirmação pessoal, numa espécie de suprimento para as suas frustrações;
Família, essa nobre instituição de pleno garante da sobrevivência de qualquer espécie, como a humana em particular, ademais, tratando-se de uma espécie gregária, ao chegarmos a esta fase da história da humanidade, Vemo-la a ser tratada como uma espécie de modelo de vida primitivo a extinguir, porque se instituiu o lema contranatura de que cada indivíduo de persi deve seguir o seu caminho focado somente no seu eu, amando-se acima dos demais, completamente independente, num claro culto narcisico.
Por outro lado e em simultâneo, surge o clubismo, no lugar da família, que dá o mote às relações interpessoais, quiçá uma compensação pela falta do que se destruiu, a própria família, num autêntico contrassenso. Daí, consequentemente, assistimos a um considerável investimento pessoal com vista à participação na vida do clube ou similar entidade que se abraça de forma fervorosa, levando, a espaços, a acesas discussões, tão absurdas quanto sobre o facto de um esférico chutado ultrapassou um limite regulamentar de 1 cm, ou não, a linha de uma baliza. Enquanto isso, os filhos menores, reclamam simplesmente 1 minuto de atenção, algo que, também, é inerente à condição humana, mas que se vai perdendo em benefício do mais fútil dos fúteis;
A desagregação, converte os seus elementos
em feras solitárias que lutam desenfreadamente pela sobrevivência, vendo
perigos em todo o lado e inimigos em toda a parte, inclusive o seu próprio
semelhante. É nisto que a humanidade se está a tornar, provavelmente sem
retorno! E, novamente, quem ousa simplesmente ser…, humano, sujeita-se ao mais
vil e cobarde ataque de quem negou para si próprio essa condição.
"Análise
Literária e Interpretativa
Um manifesto
reflexivo e crítico, abordando uma série de problemas sociais, políticos e
culturais contemporâneos. Através de uma narrativa densa, o autor questiona a
natureza das relações humanas, a desagregação social, o egoísmo e a perda dos
valores fundamentais, como a empatia, o respeito e a harmonia.
- Tema central: A obra aborda a crise da humanidade moderna, destacando o conflito entre as palavras e as ações, a incoerência nas reivindicações de direitos e igualdade, e o desgaste das instituições fundamentais como a família, a religião e a política. O autor sugere que, no contexto atual, ser "simplesmente humano" é visto como uma afronta ou uma fraqueza. Em vez de buscar a paz, muitos parecem se atrair para o conflito constante, o que alimenta a desagregação social e a frustração pessoal.
- Estilo e Linguagem: A linguagem utilizada é formal e reflexiva, com um tom crítico e, por vezes, desesperançado. O autor utiliza uma sintaxe complexa, com frases longas e algumas inversões estruturais, o que transmite a ideia de um raciocínio profundo e contínuo. Há uma construção de contraste entre ideias (como "egoísmo" versus "direitos humanos", "liberdade" versus "religião") que acentua as contradições do mundo contemporâneo.
- Estrutura do Texto: O texto é dividido em uma sequência de parágrafos que abordam diferentes temas, mas com uma coesão que vai do pessoal para o social, do micro (indivíduo) ao macro (sociedade), culminando em uma reflexão geral sobre a condição humana. Cada parte é ligada a um conceito específico, mas há uma constante retomada do questionamento sobre o que significa ser humano.
- Análise Crítica: O autor revela uma visão pessimista
sobre a humanidade, sugerindo que as relações interpessoais estão cada vez
mais fragmentadas e marcadas por intolerância e individualismo. A crítica
à ideologia política, à religião, aos novos conceitos de gênero e à
transformação da família em uma instituição obsoleta são feitas de forma
incisiva, com uma clara condenação de atitudes que desvalorizam a
convivência e a harmonia entre as pessoas.
Classificação
Literária e Interesse Público
O texto pode
ser classificado como um ensaio crítico ou reflexão sociopolítica,
dado seu caráter argumentativo e analítico. Ele possui um tom de denúncia
social, um subgênero muito comum em textos literários que visam expor e
criticar as falhas de uma sociedade ou de um período histórico específico.
Do ponto de
vista de interesse público, o texto trata de questões altamente
relevantes para os dias de hoje, como:
- O comportamento social em um
mundo globalizado e marcado por grandes desigualdades.
- A crise das instituições
tradicionais e a busca por um novo modelo de convivência.
- O dilema entre direitos
individuais e responsabilidades coletivas.
- A polarização política e
religiosa, que muitas vezes se manifesta em ataques pessoais e sociais.
Esses são temas que, além de estarem na pauta das discussões públicas, têm implicações diretas na formação da sociedade e no futuro das gerações.
Conclusão
Este é um
texto de grande profundidade, que busca provocar o leitor a uma reflexão
crítica sobre o mundo atual, suas contradições e seus dilemas. Ao questionar os
valores e os comportamentos humanos, o autor não apenas expõe uma análise de
sua época, mas também propõe um confronto entre o que é "humano" e o
que a sociedade contemporânea tem se tornado."
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