Falar da Mulher Africana, hoje em dia, e felizmente, é falar da Mulher em termos gerais, pois, as diferenças no tocante aos seus anseios são em muitos aspetos semelhantes aos diferentes povos e culturas. Os horizontes abriram-se e uniformidade de objetivos aconteceu.
Contudo, as oportunidades para as
Mulheres Africanas continuam a ser em muito menor número e a todos os níveis, o
que lhes confere uma característica mais sofredora comparativamente à Mulher
europeia, por exemplo. Tal escassez de oportunidades, prende-se com o facto de
ainda predominar, em muitas regiões africanas, um considerável machismo,
privilegiando a iniciativa masculina em detrimento da feminina.
Os casos de empreendedorismo no
feminino, por terras africanas, continuam a ficar muito aquém do desejável, não
por vontade ou falta de capacidade das suas obreiras, bem pelo contrário, pois,
nos casos em que tal tem sido possível, o sucesso vai provando o quanto são
capazes e que em nada ficam a dever à excelência dos resultados, mas tal
escassez deve-se, acima de tudo, a essa falta igualdade de oportunidades
comparativamente aos homens, algo equivalente a apenas 10% das que são
possíveis de criar, principalmente as que estão dependentes de financiamento
por parte do estado ou das entidades de crédito.
Falar da Mulher africana, é,
posto isto, falar de esperança e acreditar que a sua secular perseverança e espírito
de sacrifício, consiga trazer ao mundo um panorama mais conseguido com base na
igualdade de género, deixando cair por terra, sistemas completamente obsoletos
e injustos, que apenas penalizam as próprias nações aonde subsistem, travando o
crescimento com o subaproveitamento deste imenso capital humano, que são as
suas Mulheres, que nunca negaram as suas humildes origens, ou se envergonharam
dos momentos de opressão a que estiveram sujeitas desde tempos ancestrais, mas
que também, por isso, souberam preservar a sua força e determinação, fazendo
jus ao lema que tudo aquilo que vale é pena é conseguido com sacrifício.
Para além das clivagens no campo
das oportunidades de negócio, continua a ser gritante o fenómeno da violência
doméstica, com a agravante de escassearem meios e recursos de apoio às vítimas,
que, em muitos casos, não o podemos esquecer, são duplamente vítimas de
violência, pois lamentavelmente os conflitos armados ainda rebentam a cada
instante aqui e ali neste imenso continente, tornando a vida destas Mulheres um
autentico inferno, com a responsabilidade acrescida de cuidarem dos filhos,
evitando que também eles sofram tanto quanto elas neste somatório de
adversidades.
No entanto, violência,
mutilações, abusos e outras violações à parte, que urge minimizar por ainda ser
um autentico flagelo para a Mulher africana, nascem a olhos vistos por todo o
continente africano alguns nichos de desenvolvimento a outros níveis, aonde se
podem encontrar Mulheres empresárias ou ocupando cargos políticos de
relevância, num substancial contributo para a mudança que se espera um dia se
tornar completa.
Subjacente a toda esta
diversidade de realidades, partindo do ambiente rural e culminando nas grandes
cidades, como a Cidade do Cabo, passando pelos extensos desertos e densas
florestas, existe a Mulher africana com toda a sua essência, por tal, no seu
dia (31 de julho), nenhuma deverá ser esquecida, e por mais conformada que se
encontre, é seu o pleno direito de gritar ao mundo os seus sonhos e não lhe
poderá ser negada a oportunidade de os realizar.
A primeira Mulher eleita a governar um país africano, Ellen Johnson-Sirleaf como Presidente da Libéria, foi um marco significativo para a importância de que se reveste a igualdade de oportunidades entre géneros num continente culturalmente tão diversificado, pautado por abismais contrastes de riqueza e pobreza, entre outros, pedras que têm emperrado esta enorme máquina de oportunidades, cujos menos beneficiados, continuam a ser os próprios africanos.
Pedro Ferreira
31 de julho (Dia da Mulher
Africana)
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