segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Rasgos na Noite


Rasgos de um céu negro de noite, separando o que era do que não será, envolvem o momento em que se fere de um beijo só todo o corpo rendido, cansado, adormecido pelo tempo não vivido, apenas sofrido.

Vai dessa fenda ainda cair muita água vertida pelos olhos que não conseguem ver para além desse momento, aquele que marca o início do não retorno.

Caminhos sonhados, que este negro céu apaga e que o dia seguinte não será capaz de encontrar luz forte o suficiente para uma só pegada revelar.

Uma poeira que no dia anterior se levantou pintando de negro este céu, que entretanto aqui rasguei para essas mesmas lágrimas não ficarem contidas, uma chuva de arrependimentos que humedecerão um novo caminho que se espera fértil, onde nascerão plantas no lugar desse pó. 

Pedro Ferreira © 2016
(Todos os Direitos Reservados, Registo de Obra n.º 2629/2017)

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