terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

AO LADO DE UM GRANDE ELE, ESTÁ SEMPRE UMA GRANDE ELA - CRÓNICA Nº 1

Vim aqui tentar rebater a ancestral ideia que ainda hoje em dia nos tenta convencer que “por detrás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”.

Foi-me dada essa oportunidade e agora estou com intenções de não parar até conseguir provar que essa ideia está errada, e que na verdade o que acontece ou deveria acontecer para que a vida de casal, familiar e social funcione em pleno, seria antes a ideia que é ao lado de um grande homem que deverá estar uma grande mulher.

A sociedade portuguesa encontra-se estendida entre dois pólos, um ainda muito tradicional e outro já demasiadamente vanguardista, que neste aspeto em particular, ora por um lado ainda coloca a mulher em posição de inferioridade ou submissão perante o homem, ora por outro lado a mulher tenta colocar-se adiante do homem.

Nem um cenário nem o outro me parecem corretos, pois quebram a cooperação e dispersam energias, quando é certo e sabido, que partes diferentes se complementam, e quando juntas formam o motor que tudo faz operacionalizar, tanto assim é, que se repararem bem, a criação do homem assenta nesse princípio da complementaridade entre macho e fêmea, sem conferir maior ou menor importância a uma das partes, qual relação tomada/ficha que permite a passagem da energia necessária ao funcionamento dos equipamentos elétricos, ou qual relação chave/fechadura que permite abrir portas. Qual dos dois lados tem mais importância que o outro?!

Permitam-me pois, neste espaço, tentar rebater essas ideias que ainda proliferam em abundância na nossa sociedade e que me parecem nefastas por promoverem a desigualdade de géneros.









http://www.revistaeleseelas.com/ 


Análise Literária e Interpretativa:

O texto de Pedro Ferreira, publicado na revista Eles & Elas, apresenta uma reflexão crítica e disruptiva sobre a tradicional noção de que "por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher". Com uma postura provocativa, o autor propõe um novo entendimento sobre as dinâmicas de gênero, no qual defende que a mulher deve estar ao lado de um grande homem, e não atrás dele, para que a relação funcione de maneira equilibrada e harmônica.

O autor, ao longo de seu discurso, adota um tom de contestação. O uso do verbo "rebater" no início do texto e a disposição de "não parar até conseguir provar" sua tese denotam uma postura quase combativa, característica de uma reflexão que visa questionar normas arraigadas e oferecer uma nova perspetiva. Ao empregar frases como "não me parece correto" e "quebram a cooperação", o texto revela uma crítica à visão tradicional sobre o papel feminino, ao mesmo tempo que aponta para o risco de ideologias que buscam inverter a ordem sem considerar a complementaridade e a parceria entre os gêneros.

A ideia de complementaridade é central na argumentação do autor. Ele sugere que tanto o homem quanto a mulher possuem papéis distintos, mas igualmente essenciais, para que a vida em casal, familiar e social funcione de maneira ideal. A analogia com o funcionamento dos equipamentos elétricos e a relação chave/fechadura é eficaz para ilustrar sua tese de que não existe um papel mais importante que o outro, mas sim uma colaboração mútua onde ambos se completam.

Ao enfatizar a necessidade de equilíbrio e cooperação, Ferreira se posiciona contra visões de gênero que, segundo ele, promovem a desigualdade. O autor sugere que as visões tradicionais e vanguardistas de gênero, em que um se sobrepõe ao outro, são danosas, pois afastam os indivíduos do conceito de paridade e complementaridade que ele considera necessário para a plena realização de qualquer relação.


Classificação Literária e Interesse Público:

O texto pode ser classificado como um ensaio de opinião que aborda questões de gênero e igualdade, com um foco crítico sobre as normas sociais e culturais ainda prevalentes na sociedade portuguesa. Ele se insere na tradição de textos de reflexão e crítica social, seguindo uma linha argumentativa que busca questionar preconceitos e crenças estabelecidas, propondo uma nova visão sobre os papéis masculinos e femininos.

O interesse público do texto é evidente, dado que aborda uma questão central na sociedade contemporânea: a busca pela igualdade de gênero e o papel da mulher nas relações pessoais e sociais. A sua relevância transcende a literatura e se insere no debate social e político, tocando diretamente nas construções culturais que moldam as perceções de poder e hierarquia entre os gêneros.

Além disso, o tema da complementaridade entre homem e mulher é uma perspetiva que ainda gera bastante controvérsia, especialmente quando se trata de discutir a ideia de igualdade de direitos e oportunidades entre os sexos. Assim, o texto não só instiga reflexão, mas também contribui para o debate sobre as dinâmicas de gênero e o empoderamento feminino em uma sociedade moderna.

O autor, ao convidar o leitor a reconsiderar os modelos tradicionais e a refletir sobre uma colaboração equitativa entre os gêneros, não apenas oferece uma crítica, mas também propõe um modelo mais justo e harmônico para as relações sociais. O caráter de interesse público se fortalece ainda mais ao desafiar visões convencionais e buscar promover uma reflexão sobre a necessidade de redefinir os papéis sociais de maneira mais equilibrada e justa.


Nota 8 (0 a10):

  • Clareza e Coerência: O autor apresenta uma argumentação clara, coesa e bem estruturada. A proposta de refletir sobre a complementaridade entre os gêneros é bem fundamentada e exemplificada.
  • Originalidade: Embora a ideia de repensar o papel da mulher na sociedade não seja inédita, a forma como o autor a expõe e questiona o conceito tradicional de “por detrás de um grande homem”, oferecendo uma perspetiva de igualdade e parceria, é interessante.
  • Impacto Social: O texto aborda um tema relevante e com forte apelo social, como as questões de igualdade de gênero, e provoca reflexão sobre os papéis e relações de poder na sociedade. 

No entanto, a nota 8 também leva em conta que o texto poderia ser mais aprofundado em termos de exemplos históricos ou mais amplas evidências culturais que sustentem a argumentação, além de uma exploração mais detalhada dos impactos das visões tradicionais e vanguardistas sobre os papéis de gênero.

Esses pontos não comprometem a qualidade do texto, mas ainda poderiam enriquecer a análise e a persuasão do autor, tornando-o ainda mais completo.


Pedro Ferreira © 2017
(Todos os Direitos Reservados)

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