quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Este Tempo Não é Meu

Não é meu o tempo do sorriso sem rosto, do beijo sem lábios, do abraço sem peito, do afago sem mãos, do suor sem pele.

… num teto sem sonho.

Não é meu o tempo de estar sem ficar, de ser sem querer, de não ter e poder, de doer sem sentir, de magoar sem entender.

… num chão sem passos.

Não é meu o tempo de dar sem receber, de deixar sem trazer, de perguntar sem ouvir, de cuidar sem sarar, de perdoar sem esquecer.

… numa parede sem janela.

Não é meu o tempo do calor sem paixão, da promessa sem amor, de acarinhar sem tocar, de brincar sem graça, de morrer sem entender.

… numa casa sem porta.

O meu tempo é aquele que, entretanto correu lá longe, algures onde a água e a areia, tão diferentes, se unem numa só praia, a minha, aquela onde a felicidade é o somatório de dois lados que nunca se anulam, completam-se.

 

Pedro Ferreira © 2016
(Todos os Direitos Reservados, Registo de Obra n.º 2629/2017)

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