Não é meu o tempo do sorriso sem rosto, do beijo sem lábios,
do abraço sem peito, do afago sem mãos, do suor sem pele.
… num teto sem sonho.
Não é meu o tempo de estar sem ficar, de ser sem querer, de não
ter e poder, de doer sem sentir, de magoar sem entender.
… num chão sem passos.
Não é meu o tempo de dar sem receber, de deixar sem trazer,
de perguntar sem ouvir, de cuidar sem sarar, de perdoar sem esquecer.
… numa parede sem janela.
Não é meu o tempo do calor sem paixão, da promessa sem amor,
de acarinhar sem tocar, de brincar sem graça, de morrer sem entender.
… numa casa sem porta.
O meu tempo é aquele que, entretanto correu lá longe, algures
onde a água e a areia, tão diferentes, se unem numa só praia, a minha, aquela
onde a felicidade é o somatório de dois lados que nunca se anulam, completam-se.
Pedro Ferreira © 2016
(Todos os Direitos Reservados, Registo
de Obra n.º 2629/2017)
Sem comentários:
Enviar um comentário