O passado começa a existir no primeiro segundo de vida.
Daí em diante se escreve a vida de cada um de nós, curta ou
longa, todos terão um passado.
A qualidade do nosso passado parece-me importante na medida
em que nos deve deixar uma sensação de agrado quando o recordamos, por tal,
creio que o fundamental é viver o presente de forma a deixar essa marca para o
futuro, de um passado bem conseguido.
Por vezes, e porque ninguém pode afirmar taxativamente que
está preparado para qualquer situação imprevista ou não antes vivida, no fundo
que lhe é estranha, nem sempre poderemos garantir uma actuação por excelência no
presente para que de futuro possamos usufruir dessa regalia de contar com um
passado que nos dignifique ao máximo, mas não há porque nos penalizarmos por
tal facto, pois como antes observei, não creio que alguém nasça totalmente
programada para toda e qualquer circunstância, o erro é uma inevitabilidade na
vida de todos nós, só não lhe conhecemos o momento exacto em que acontece.
Por outro lado, justificar o erro do passado ao abrigo da atribuição
de responsabilidades a outrem, parece-me um ato de negação à própria vida, nomeadamente
quando se trata de vivências em ambientes de plena liberdade, onde estamos
porque queremos estar, ninguém a tal nos obriga, e se não corre como esperaríamos,
há que assumir o facto como tal, sem mais delongas, tampouco com recurso a essa
injusta atribuição de responsabilidades a outrem – tantas vezes em jeito de
condenação cruel – pessoas essas que no presente, apenas moram lá atrás, para com quem
temos um único dever, o de desejar o bem, novas oportunidades para melhores e
mais conseguidas experiências de vida, o mesmo que para nós próprios.
Da colagem ao desequilíbrio mental, à pura desacreditação
social, passando pelas diversas manifestações de ira, pena é quando tal
acontece, há de tudo, mesmo que a ilusão tenha sido o mote que nos levou a crer em alguém
ou a entrar de corpo e alma em projectos pessoais que acreditávamos serem de
futuro, movidos pelos mais nobres sentimentos, pois repito, estivemos nesses
momentos e com quem quisemos estar de livre e espontânea vontade.
Assumir um passado menos conseguido dói, inclusive uns fecham os olhos e
tentam o apagar da memória…, compreensível!!! Mas até aqui parece-me
humanamente razoável, só deixa de o ser, quando esse vazio se tenta preencher à
custa do achincalhar do seu semelhante, no fundo de uma outra vida, de uma
outra memória de um outro passado, que salvo raras excepções de pura malícia, são
tão respeitáveis e admiráveis quanto nós próprios, tudo isto porque algures no tempo se cruzaram nos caminhos da vida e as coisas não correram como desejariam.
O ódio pode durar uma vida inteira, aquilo que nunca foi
amor, pois deste último não se passa, em hipótese alguma, ao primeiro, mas sim
da obsessão, esta sim, potencial despertadora de ódios quando não conseguidos
os intentos de quem obstinadamente procura conquistar pessoas inconquistáveis,
pois o amor, se o foi, o é e sempre o será…, apenas o Amor!
Um passado movido pelo amor, é um bom passado..., convenhamos!
Pedro Ferreira 2018
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