Não adianta recuar muito no
tempo, pois penso que será de conhecimento comum a ideia que outrora, na
generalidade das sociedades, as mulheres eram relegadas para um plano
secundário em todas as áreas ou até para um plano de quase inexistência, tidas
como “algo” e como adquirido em culturas predominantemente machistas, e não
como mulheres de seus plenos direitos, deveres e obrigações, isto porque tal
recuar no tempo, quiçá, poderia trazer-nos à memória uma vergonha que acredito,
uma maioria, gostaria de apagar, mesmo que tais memórias, a espaços, para nós
sociedades ditas evoluídas possam ser reavivadas ao tomarmos consciência de
factos e ocorrências que nos chegam de outras paragens, onde a mulher continua
a ser reduzida a essa insignificância de ser apenas “algo”.
Não queria também aprofundar,
para já, outra dura realidade, esta infelizmente mais persistente e mais
difícil de combater, a violência sobre as mulheres, mas apenas a referir como
um outro aspeto que provoca desníveis entre géneros, introduzindo aqui para o
efeito uma medida que considero louvável recentemente tomada pelas entidades
competentes para o efeito na Cidade de Vigo, que contempla a possibilidade das
mulheres poderem escolher qualquer local como ponto de largada de passageiros
dos serviços noturnos de autocarros como medida adicional de segurança.
Louvo, de facto, este tipo de
iniciativas, mesmo que lamente a necessidade de as mesmas terem de ser
ponderadas, na medida em que traz implícita a ideia que a referida dura
realidade da violência sobre as mulheres continua a pairar no consciente das
pessoas, mesmo em meios desenvolvidos e considerados seguros, como é o caso.
Sei que existe ainda um longo
percurso a fazer para que se consigam debelar essas inúmeras desigualdades que
ainda subsistem nos dias de hoje e que penalizam grandemente o género feminino,
mesmo tendo em conta a natureza da espécie, onde não há como contornar o facto
do homem ser considerado o “sexo forte” porque é efetivamente tendencialmente
mais forte fisicamente, logo quando não acompanhado de uma mente igualmente
forte, pode descambar para o indesejável, mas seria bom, independentemente de
tudo isso, que de uma vez por todas e por qualquer canto do mundo onde existam pessoas,
se interiorize a ideia base da própria existência da espécie humana, que homem
só é homem se existir mulher e que mulher só é mulher se existir homem, caso
contrário, seriamos o equivalente a uma espécie de um só género, chamada Homo
Sapiens, nesse caso livres de qualquer diferenciação de géneros, mas creio que
entre viver num mundo habitado por pessoas de um só género sem lacunas dessa
natureza, ou num mundo habitado por ambos os géneros com lacunas a superar,
fosse possível a escolha, que essa ainda tenderia para a segunda opção.
Esta é a reflexão que, desta
feita, aqui vos quero deixar, e que se enquadra no contexto destas crónicas
onde pretendo colocar homem e mulher lado a lado, e não um atrás do outro. Por
tal, seria efetivamente muito facilitador desse processo evolutivo, ter sempre
presente essa ideia que ele sem ela e vice-versa é impossível para a nossa
sobrevivência como espécie, equiparem-se, portanto, não se sobreponham.
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