sábado, 26 de maio de 2018

Ao lado de um grande Ele, está sempre uma grande Ela - Crónica nº 2

Não adianta recuar muito no tempo, pois penso que será de conhecimento comum a ideia que outrora, na generalidade das sociedades, as mulheres eram relegadas para um plano secundário em todas as áreas ou até para um plano de quase inexistência, tidas como “algo” e como adquirido em culturas predominantemente machistas, e não como mulheres de seus plenos direitos, deveres e obrigações, isto porque tal recuar no tempo, quiçá, poderia trazer-nos à memória uma vergonha que acredito, uma maioria, gostaria de apagar, mesmo que tais memórias, a espaços, para nós sociedades ditas evoluídas possam ser reavivadas ao tomarmos consciência de factos e ocorrências que nos chegam de outras paragens, onde a mulher continua a ser reduzida a essa insignificância de ser apenas “algo”.

Não queria também aprofundar, para já, outra dura realidade, esta infelizmente mais persistente e mais difícil de combater, a violência sobre as mulheres, mas apenas a referir como um outro aspeto que provoca desníveis entre géneros, introduzindo aqui para o efeito uma medida que considero louvável recentemente tomada pelas entidades competentes para o efeito na Cidade de Vigo, que contempla a possibilidade das mulheres poderem escolher qualquer local como ponto de largada de passageiros dos serviços noturnos de autocarros como medida adicional de segurança.


Louvo, de facto, este tipo de iniciativas, mesmo que lamente a necessidade de as mesmas terem de ser ponderadas, na medida em que traz implícita a ideia que a referida dura realidade da violência sobre as mulheres continua a pairar no consciente das pessoas, mesmo em meios desenvolvidos e considerados seguros, como é o caso.


Sei que existe ainda um longo percurso a fazer para que se consigam debelar essas inúmeras desigualdades que ainda subsistem nos dias de hoje e que penalizam grandemente o género feminino, mesmo tendo em conta a natureza da espécie, onde não há como contornar o facto do homem ser considerado o “sexo forte” porque é efetivamente tendencialmente mais forte fisicamente, logo quando não acompanhado de uma mente igualmente forte, pode descambar para o indesejável, mas seria bom, independentemente de tudo isso, que de uma vez por todas e por qualquer canto do mundo onde existam pessoas, se interiorize a ideia base da própria existência da espécie humana, que homem só é homem se existir mulher e que mulher só é mulher se existir homem, caso contrário, seriamos o equivalente a uma espécie de um só género, chamada Homo Sapiens, nesse caso livres de qualquer diferenciação de géneros, mas creio que entre viver num mundo habitado por pessoas de um só género sem lacunas dessa natureza, ou num mundo habitado por ambos os géneros com lacunas a superar, fosse possível a escolha, que essa ainda tenderia para a segunda opção.


Esta é a reflexão que, desta feita, aqui vos quero deixar, e que se enquadra no contexto destas crónicas onde pretendo colocar homem e mulher lado a lado, e não um atrás do outro. Por tal, seria efetivamente muito facilitador desse processo evolutivo, ter sempre presente essa ideia que ele sem ela e vice-versa é impossível para a nossa sobrevivência como espécie, equiparem-se, portanto, não se sobreponham.


Pedro Ferreira 2018




http://www.revistaeleseelas.com/

Sem comentários:

Enviar um comentário