quarta-feira, 24 de abril de 2024

TEMPUS DE ALMAS DESORIENTADAS

Decorre no mundo uma espécie de tsunami de resíduos que invade milhões de almas e que as deixa inundadas de toxicidade…

É o tempo do vale tudo!

Simpatia vale em toda e qualquer circunstância, até na antipatia. Quem ainda não ouviu, “é assim, diz e faz aquelas coisas desagradáveis, mas até é uma pessoa simpática”?

O feio deixou de fazer sentido, porque hoje em dia é tudo bonito, até o mais grotesco objeto se reveste de uma beleza sem fim, “tudo depende dos olhos de quem vê”, dizem!

Fazer o bem tornou-se transversal, até quando se comete o pior dos atos, pois – dizem, também – tudo depende do ponto-de-vista de quem analisa.

Até a verdade parece ter anulado em definitivo a mentira. Tudo passou a ser verdade! Aliás, consta que cada pessoa tem a sua…

A palavra ridículo caminha a passos largos para fora dos dicionários por ter perdido o seu significado, na medida em que hoje em dia tudo é aceite como razoável.

E os animais irracionais que passaram a ser humanizados ao ponto de já serem considerados superiores a todos os níveis aos humanos…

A esta altura deste raciocínio, já impera a questão: “será na mesma onda da corrente que defende um só género”?

E o amor… ai o amor!!! Esse, passou a estar em todo o lado, mesmo onde existe desamor e ódio. Pessoas à boca cheia o gritam, quando na alma ecoa a raiva!

Até a loucura, é a mais desejada – “gosto de gente louca!” – em detrimento da sanidade inerente às pessoas que se dão à vida, em múltiplos atrevimentos e aventuras.

Que mundo este tão monocórdico e monocromático que estamos a criar? Uma mesma palavra é transversal a todos os sentires, a todas as definições, a todas as crenças…

Não era suposto estarmos a criar um mudo mais aberto e diversificado, em total respeito pelas diferenças! Estou a ver a humanidade a caminhar em sentido contrário ao que apregoa.

Por este andar, qual vai desaparecer e qual vai prevalecer: a mulher ou o homem; o ser-humano ou o animal irracional; a verdade ou a mentira; o certo ou o errado; a beleza ou a feiura; o natural ou o artificial; o normal ou o anormal; a sanidade ou a loucura; a bondade ou a maldade; etc… etc…

Pode estar a dar-se o caso de já termos passado a fase de criarmos robôs à nossa semelhança e agora estarmos a inverter papeis, a criarmos seres-humanos à semelhança de robôs.

Porém, talvez ainda exista a esperança que se trate de apenas uma fase menos boa que a humanidade atravessa, em que as almas andam desorientadas, quiçá porque há muito que se perde o vínculo com a espiritualidade, campo onde felizmente ainda se usam todos os sons, todos os sabores, todos os aromas, todas as texturas, todas as cores, no fundo todos os sentires, ou seja, a vida na sua plenitude.



Pedro Ferreira © 2024
(Todos os Direitos Reservados)

 

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

PALAVRAS INCAPAZES

Palavras incapazes…

de fazerem a leitura do brilho no olhar mediado pelo breve momento de um pestanejar que encerra o adormecer e abre o despertar;

de descreverem o sorriso que se esconde na madrugada quando os lábios se reencontram;

de decomporem por parágrafos o longo abraço de uma noite;

de decifrarem o aroma do fruto dos múltiplos sentires a dois;

de comporem um texto escrito pela ponta dos dedos de quatro mãos sobre a pele em branco;

de serem ouvidas para alem do pulsar dos corações;

de colocarem vírgulas enquanto se deleita no sabor a nós;

de encontrarem pontos quando não existe um princípio nem um fim.



Pedro Ferreira © 2017
(Todos os Direitos Reservados)

sábado, 18 de novembro de 2023

RESPEITO PELA IGUALDADE

Ao abrigo do respeito pela diferença, muitas vezes se fomenta o desrespeito pela igualdade.




Pedro Ferreira © 2015
(Todos os Direitos Reservados)

sábado, 28 de outubro de 2023

ASSIM TENHO SIDO - Parte 3

A vida em Portugal não estava fácil por essa altura, principalmente para os retornados, logo eu, como refugiado, levava por tabela. Cruéis e ignorantes, como muitos portugueses são, não facilitavam e só faltava apedrejarem-nos, porque insultos era coisa que não faltava, na medida em que receavam que esta massa humana vinda das ex-colónias lhes “roubassem” os rendimentos que de lá enviávamos;

O governo de então, por piedade, lá nos deu dois cobertores que tive de ir levantar numa fila enorme à Câmara Municipal e nada mais que isso! Felizmente a família e os amigos, mais uma vez, marcaram presença num momento de maior dificuldade, caso contrário, muita fome e frio teríamos passado.

E eis que surge uma surpresa…, vida!!! Outra mana que vinha de África na barriga da mãe! Mas, e agora, como vai ser, mais um corpo, por pequenino que seja, somente com dois cobertores? Tudo se arranja! Foi assim que o Pedro aprendeu a fazer arroz de salsichas para todos e a mudar fraldas que depois lavava no tanque de cimento até ficar com as mãos gretadas e o nariz vermelho pela fria aragem de inverno que por aquelas paragens à época se fazia sentir.

Brinquedos, não tinha, e da idealizada cidade de paus e pedras desisti por falta de material de construção…, dediquei-me à caracoleta! Ou seja, fazia corridas com os caracóis grandes lá do quintal da minha avó e melhor diversão não havia…, minto! Lembrei-me agora, por falar na minha avó materna, que fazia anos no mesmo dia que eu, uma matriarca que amo, mesmo que já tenha partido há muitos anos deste mundo, que me proporcionava uma diversão ainda melhor, as famosas "sopas de cavalo cansado", que consistia em algo para comer numa tijela de barro, composto por vinho verde tinto, pão e açúcar…, ui!!! Isso é que era uma diversão, pois a mãe nem poderia imaginar que a avó me tratava tão alegremente!

Como sobraram algumas moedas de Angola, dinheiro em tudo semelhante ao de cá, apenas mudavam as figurinhas (os angolares), o espertalhão do Pedro lá lhes dava alguma utilidade e toca de ir comprar chocolates que custavam 1 escudo na mercearia da frente, aqueles retangulares fininhos com uma prata que tinha um calhambeque estampado..., quem não se recorda? Pois, o dono da mercearia via mal e o negócio ia sendo possível até se começar a estranhar na vizinhança o facto da demasia da mercearia ter um design diferente do habitual…, só poderia ser obra dos “malditos retornados”!

Mas como o meu tio (2º Pai) pedia-me para ir à mesma mercearia buscar meio-quartilho de tinto para o jantar, pago com moedas de verdade, a coisa lá disfarçou. Só não consegui disfarçar a falta de tinto no percurso de volta, não sei porquê, o meu tio parece que media o vinho e dava sempre por falta daquele que entornava pelo caminho, para depois me perguntar porque trazia os lábios pintados de vermelho…, tinto!

Continua…



Pedro Ferreira © 2020
(Todos os Direitos Reservados)

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

ASSIM TENHO SIDO – Parte 2

Ficavam para trás, em terra longínqua de cor vermelha, tantas histórias que criança alguma deveria viver, trazendo comigo memórias que me acompanham desde então e que se expressam em cinco sentidos: a visão dos pertences, que tanto custaram aos meus pais adquirir com o esforço do seu trabalho, espalhados pelo caminho, semidestruídos ou mesmo destruídos, num vandalismo indescritível; o cheiro quente e agoniante da morte, emanado das pilhas de cadáveres com que me ia cruzando pelo caminho; o silvo das bombas atrás de mim e para diante, antecedendo aquele clarão ofuscante que me estremecia a alma; o trepidar do chão aonde me deitava para me proteger aquando dos rebentamentos de todo o tipo de alimentos de guerra; e o sabor amargo da transpiração resultante de tantas fontes de ignição à mistura.

Ficavam, igualmente para trás, outras tantas memórias de traquinices: a ingestão da cabeça dos fósforos de uma caixa completa e consequente passagem pelo hospital para uma “ardente” lavagem ao estômago; que somado a outros episódios caricatos e, não menos perigosos, como aquele caroço de azeitona que andou dentro do meu nariz uma semana e que somente foi possível extrair com recurso a uma espécie de berbequim, algo nunca visto antes naquele hospital; ou ainda aquela cabeça partida que trago comigo vincada na sobrancelha até hoje, bem visível ao chegar a Portugal, despertando comentários, aos quais respondia a minha mãe, para amenizar o impacto, que foi um herói, pois levou com 8 pontos a sangue-frio e não chorou…, o tanas!!! Foram precisos vários adultos para segurarem o “diabrete” enquanto era cosido!

E como não só de salvar a pele se reveste a vida do Pedro quando criança, recordo ainda como começou o meu mau jeito para o negócio: fomos dos últimos portugueses a partir, e quem fugia à nossa frente deixava os seus pertences para trás, oportunidade aproveitada por mim e pela minha irmã, para montarmos uma banca no centro da cidade…, agora imaginem a cena: duas crianças com 7 e 10 anos respetivamente, no centro da cidade de Luanda, em plena guerra, tentando vender a coisa alheia – livros em particular – a nativos que nem dinheiro tinham para comer…, rapidamente abrimos falência! 

Longe de tudo que tinha, inclusive do meu próprio pai, de quem fiquei distante durante dois anos, na incerteza se o voltaria a ver, porque teve de se manter por lá a segurar a empresa, com a vida permanentemente em risco, sujeitando-se a comer praticamente arroz com arroz, sendo este o seu generoso contributo para que hoje em dia muitas portuguesas e muitos portugueses possam ter o seu sustento e uma melhor qualidade de vida, as mesmas pessoas que lhe “agradeceram” rotulando-o depreciativamente como “retornado que lhes veio roubar o pão”.

Recomeçar a vida do nada para uma criança não foi fácil: no caminho entre casa e a escola existia o permanente receio de me encontrar com um terrorista armado ao virar da esquina; se me cruzasse com alguém que não tivesse lá muito boa apresentação, logo voltava para casa a correr… a minha “trincheira”! Para agravar a situação, os malditos foguetes da festa da Nossa Senhora das Dores, eram o recomeço do conflito armado..., um tormento para a minha mãe! Lá tinha de ir à procura do rapaz que, certamente, se havia escondido em qualquer canto para não ser atingido pelos imaginários projeteis da Santa!

À noite, na modesta casinha do fundo do quintal da avó, em 3 reduzidos quartos (9 metros quadrados, o máximo), acomodava-me junto de 4 adultos e mais crianças, mas com boa vontade tudo se arranjou. O que mais me custava suportar era o frio, tanto é que certo dia, o teto, com pena, resolveu cobrir-nos, caindo sobre nós…, era o que havia e nada de reclamar! Assim como uma casinha de banho no quintal, à qual se tivesse de recorrer durante a noite em pleno inverno, com as famosas nortadas, o mais certo era chegar lá com o xixi já congelado!

Mas lá consegui completar a 2ª classe, conforme orgulhosamente se revela na fotografia anexa.

Continua… 




Pedro Ferreira © 2020
(Todos os Direitos Reservados)

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

ASSIM TENHO SIDO – Parte 1

Permitam-me que a vós, aos meus lentores, me dê a conhecer um pouco melhor. Faço-o por dois motivos: primeiro, porque tenho-vos em elevada consideração, sem vocês não teria graça escrever; por outro lado, porque na sociedade atual, seja lá por que motivo for, a tendência vai no sentido de se deduzir em vez de se perguntar e desta forma se rebatem eventuais ideias menos conseguidas que eventualmente possam ser formuladas sobre este vosso amigo, agradecendo que se tomasse como certo e sem qualquer outro tipo de interpretações o que vos conto e em caso de dúvida cá estarei eu para responder, a única pessoa habilitada para o fazer.

Posto isto, e começando por onde se deve, pelo princípio, o nascimento, que ocorreu em Luanda, decorria o Maio de 68. Uma coincidência que me leva a fazer uma curiosa analogia, ou seja, que daí só poderia resultar um revolucionário, característica que se foi acentuando com o passar dos anos até à presente data.

Vivi em Luanda em três locais diferentes, algo que também já deixava antever o que me esperaria ao longo da vida, sempre de malas feitas, pronto para toda e qualquer mudança, voluntária ou forçada, o que realmente veio a acontecer por diversas vezes. Contudo, em África fui como se quer, rebelde, aventureiro audaz, miúdo irrequieto, uma dor de cabeça para os pais, que entra para a pré-escola já a saber ler e a escrever com alguma fluência, graças ao empenho e dedicação de mãe e pai, uns autênticos professores dentro de casa, mas que pelo caminho entre casa e a escola era capaz de fazer os mais impensáveis disparates, nomeadamente desafiando a natureza, trepando árvores, correndo atrás de animais, brincando com insetos, levantando as sais das quitandeiras que transportavam pesados cestos de fruta à cabeça, logo indefesas perante as minhas “maldades”, no fundo, um bom reguila.

Depois, de súbito, por graves problemas de saúde de um familiar, vejo-me a viver em Joanesburgo, limitado pelo regime de apartheid, portanto, sem poder fazer as minhas malandrices às nativas, dando-me para outro tipo de atrevimentos, ou seja, como residia numa zona de moradias, entretinha-me a saltar dos telhados para os bonitos e fofos relvados que as ladeavam… uma dor de cabeça para a minha mãe, lá em baixo à espera, de braços abertos, da primeira aterragem falhada.

Nessa altura, como a minha irmã mais velha era pior que eu nestas aventuras, as coisas chegavam a extremos, como enveredar pelo meio do mato à descoberta da vida selvagem, ou à primeira oportunidade de distração da nossa mãe, cidade dentro, ao ritmo do bulício. Algo que perdurou aquando do regresso a Luanda, já em período de conflito bélico, ou seja, um perigo à solta dentro de outro perigo, ora enfrentando o desconhecido por caminhos cheios de armadilhas, trilhos de brincadeiras entre disparos ocasionais, ora me escondendo nos sítios mais inimagináveis quando as armas falavam mais altos que os pássaros. Um grande desafio para me descobrirem, às vezes até adormecia nesses espaços.

Fugi duas vezes na vida, uma delas foi desse conflito para Portugal, numa de tentar salvar a pele, trazendo comigo a maqueta de paus e pedras da cidade de brincar que estava a construir, mais uma antevisão do que me esperaria no futuro, um criativo que deixou os melhores brinquedos para trás, os mesmos que vi pela última vez, quando espalhados pela estrada depois da nossa casa ter sido vandalizada, pois, não eram esses que me preenchiam, ficavam para os outros meninos, os de lá, que não tinham senão paus e pedras. Talvez, desta forma, tenha nascido uma outra vertente que seria muito importante no percurso de vida que tinha à minha espera, as causas relacionadas com a infância mais desfavorecida. Converter o mau em bom e o bom em excelente.

Continua…




Pedro Ferreira © 2020
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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

É SUPERIOR A QUANTIDADE DE HIPOCRISIA À DE SANGUE QUE JORRA PELO MÉDIO ORIENTE

Recentemente, com grande pompa e circunstância, para deleites vários, o mundo assistiu empolgado a um dos maiores espetáculos “desportivos” à escala planetária, conhecido pelo Campeonato do Mundo de Futebol, que teve lugar no Qatar – escolha do mundo dito civilizado por motivos de mero interesse económico – país sobejamente conhecido por nele estar implementado um regime político monárquico de cariz islâmico e opressor – mas têm dinheiro e para os ditos civilizados, isso é o mais importante – que utilizou mão-de-obra escrava, ou semiescrava, em condições desumanas para a concretização do evento – o dinheiro fala mais alto, logo, para o mundo dito civilizado os fins legitimam os meios - dos quais perto de 7 000 perderam a vida.

O espetáculo lá teve início, num autêntico cemitério – mas o dinheiro estava sobre as sepulturas e para o mundo dito civilizado dá para disfarçar – com a apresentação – pasme-se, de uma figura encomendada ao mundo dito civilizado conhecida pelos pregões da moral e dos bons costumes, Morgan Freeman (Norte Americano) – e tudo o resto foi decorrendo na mais aparente normalidade, resultando numa considerável projeção de um país com estas características tão aberrantes, assim como contribuindo para o reforço dos seus cofres, já de si bem recheados por outras negociatas tais com o mundo dito civilizado.

É, também, neste mesmo país que, de forma faustosa e sob enormes medidas de proteção, beneficiando de privilégios especiais, se escondem em grandes casas decoradas com amontoados de notas e de moedas – tipo Patinhas - os líderes dos movimentos terroristas como o Hamas – mas isso, também não importa nada, porque uma nota de um dólar basta para tapar as vistas das pessoas do mundo dito civilizado -, país de onde debitam as orientações para que o seu braço-armado se lance sobre inocentes, estuprando meninas, degolando bebés, queimando adultos e raptando idosos, de entre outras atrocidades tais.

Depois de feito o serviço sujo, “em nome de deus” – dizem - financiado pelo dito mundo civilizado – o qual “não viu nada, nem sabe de nada, nem nada tem a ver” - reúnem-se, em pânico, as/os líderes do mundo dito civilizado para manifestarem a sua enorme “preocupação” para com tamanha atrocidade, trazendo nos bolsos das suas fatiotas manchadas de sangue inocente as fotografias das crianças barbaramente assassinadas por aqueles que foram os reais beneficiários do destino final dos seus interesses.

Revelando um inquietante falso bom samaritanismo, aí estão elas e eles de voz embargada e de gravata preta a dar-lhes um apertado nó na garganta, tremendo que nem varas verdes, ao verem as consequências da sua desmesurada hipocrisia. Agora pedem contensão! Tanta hipocrisia que jorra por aquelas bandas… então não pensaram nisso antes de injetarem diversas receitas em povos bárbaros, ou em quem os protege!

Assim como neste cenário acontece, também acontece do mesmo modo com a barbárie implementada por Putin. Quantos anos andaram os ditos civilizados a financiarem a máquina de guerra que invadiu a Ucrânia? Continuem, pois, assim, a implementar a hipocrisia como a pedra de toque das relações ao mais alto nível e não se espante o mundo com aquilo que ainda estará para vir, porque outros regimes, tanto, ou mais, bárbaros ainda, como os vigentes na China, ou no Irão, também têm engordado bastante às custas dos ditos civilizados... basta constatar o seu poderio bélico atual!


Pedro Ferreira © 2023
(Todos os Direitos Reservados)

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

CANSAÇO D’ALMA

Cansei-me, por um momento só!

O corpo nem sempre reage quando a alma pede, quiçá acumulados indeléveis cansaços.

Não sei mais o que dizer, não sei mais o que fazer, o corpo não reage porque a alma é quem age.

Estou no limiar do firmar, sinto o poder de decidir sobre o todo, mesmo que seja uma só parte, mas estou cansado…, cansado de ser apenas parte!

Teremos voltado ao acaso, onde tudo nos espera e nada nos acontece… Vou esperar entre o tempo e o espaço, porque nada me resta senão ser, novamente, apenas uma parte.


Pedro Ferreira © 2017
(Todos os Direitos Reservados)

domingo, 3 de setembro de 2023

TERRENO FÉRTIL

Por cada boa semente que se desperdiçar num campo infértil nascerá uma erva daninha num campo fértil.


Pedro Ferreira © 2014
(Todos os Direitos Reservados)